quinta-feira, 16 de maio de 2013

O Poder das Palavras


 A percepção do poder que emana de cada palavra que pronunciamos e ouvimos é por si só a base de uma imensa revolução pessoal. Passamos a maior parte da vida falando qualquer coisa que nos venha à mente. E a pergunta que precisa ser feita é: quem é que está no controle destas palavras?

Com certeza um dos maiores recursos utilizados pela contrainteligência (ou Ego negativo) é a expressão da palavra negativa. Uma palavra com poder real de destruição, que é denominada na língua hebraica Lashon Hará, podendo ser traduzida como maledicência. A quase totalidade das pessoas pratica o Lashon Hará diariamente e experimenta os indesejáveis efeitos desta prática. Ela se apresenta sob diversas formas. A mais conhecida é quando uma pessoa fala para uma segunda sobre aspectos negativos de uma terceira pessoa. São profundos ferimentos na alma, envolvendo neste caso:

 • Quem fala. Expressando negatividade, atrai para si a mesma negatividade.
 • Quem ouve. Ao ouvir, recebe toda aquela negatividade destrutiva.
 • Quem é falado. Aquele que não ouve, mas sente e se enfraquece.

 Este tipo de Lashon Hará é comum e aparece sob muitas maneiras disfarçadas mas não por isso menos nocivas. Por exemplo, quando você chega para um amigo e começa a falar mal dos políticos que nos governam, você realimenta a sua negatividade, a de seu amigo e a daqueles que exercem a função de governantes.

 Experimente inserir a contração, principal ferramenta do comportamento contemplativo: mesmo que o governante seja desonesto, se seu comentário não tiver um caráter construtivo, simplesmente não o faça. Algo significativo começará a mudar na realidade ao seu redor.

Mas existem outros tipos de Lashon Hará também nocivos e mais difíceis de identificar. Aquele em que você vive lamentando de si mesmo para os outros. “Coitadinho de mim, estou sempre doente.” “Trabalho tanto e vivo sem dinheiro.” “Faço tudo pelos outros, mas ninguém faz nada por mim.”

Neste caso são apenas duas pessoas feridas, você e quem o ouve, mas o efeito sobre suas vidas é igualmente devastador.

Um terceiro tipo de Lashon Hará é quando você ouve a maledicência de um outro. Você liga para sua mãe e pergunta: “Como vão as coisas mamãe?” E ela lhe responde: “Tudo muito mal meu filho. Estou com este
 problema, com aquele. O síndico do prédio não vale nada, etc, etc.” Seja seu vizinho, seu amigo de infância ou seu parente mais querido, quando sentir que ele começa a despejar negatividade em seus ouvidos, experimente correr dali e estará fazendo uma ação nobre para ambos.

 No curso de cabala que leciono, costumamos experimentar um exercício bastante interessante. Passamos uma semana inteira sem falar mal dos outros, sem nos lamentar e evitando ao máximo ouvir a negatividade alheia. Ou seja, abolindo o Lashon Hará de nossas vidas.

 Não se pode dizer que seja uma tarefa fácil. Na verdade, é quase impossível cumpri la rigorosamente. Mas a recomendação é que, se uma vez ou outra escapar, ninguém desanime. Basta manter o foco no exercício e seguir adiante. O resultado final deste exercício produz significativas transformações em muitas pessoas. Quando começamos a focar na qualidade das palavras que ouvimos e pronunciamos, despertamos para uma nova consciência e uma nova maneira de olhar parao mundo a nossa volta.

 Texto extraído do livro “O Poder de Realização da Cabala”, Autor Ian
 Mecler, Editora Mauad X.

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