sexta-feira, 22 de março de 2013

Análise Bioenergética


O eixo da Análise Bioenergética está calcado nos conceitos de saúde vibrante, grounding, respiração, carga e descarga de energia, movimento livre e espontâneo. Compreende a personalidade, a qualidade dos relacionamentos, os processos de pensamento e a sexualidade, em função dos processos energéticos. A abordagem tem como ponto de partida o trabalho corporal, buscando a integração entre corpo, mente e espírito.
A Análise Bioenergética foi criada a partir do trabalho de Wilhelm Reich. Reich inicalmente psicanalista, aluno de Freud, desenvolveu os princípios da terapia corporal, desde a década de 1930. Ele começou a trabalhar diretamente com o corpo, com uma técnica que visava especificamente aprofundar e liberar a respiração, a fim de melhorar e intensificar a experiência emocional. O trabalho de Reich compreende um gama maior do que somente esse assunto no campo de orgonomia e vegetoterapia..
Mais tarde, Alexander Lowen e John Pierrakos, alunos de Reich, ampliaram esse método transformando-o no que se conhece hoje como Análise Bioenergética. Juntos começaram a explorar possibilidades diferentes de trabalhos envolvendo o corpo no processo terapêutico.

Corpo-mente-espírito O indivíduo é visto como uma unidade psicossomática. O que afeta a mente afeta o corpo, e o que afeta o corpo afeta a mente. As defesas psicológicas usadas para lidar com a dor e o estresse, tais como racionalizações, negação e supressões também estão ancoradas no corpo. E aparecem como padrões musculares que inibem a expressão. Esses padrões tornam-se inconscientes e passam a fazer parte da própria identidade da pessoa, impedindo que ela consiga se modificar, mesmo que entenda a natureza do problema. Por isso, baseamo-nos na leitura corporal, ouvimos a história que a pessoa conhece e consegue contar e também deduzimos a história que ainda não conhece, a partir daquilo que o corpo mostra. A leitura corporal se baseia na observação da energia, intensidade, fluxo ou bloqueios (vitalidade), capacidade de conter energia (autocontrole), centramento (auto-conhecimento), grounding (contato com a realidade interna, emocional, e a realidade externa, o mundo).

Os processos energéticos do corpo estão relacionados ao estado de vitalidade do organismo. "De-pressão" = falta de pressão interna ou de circulação da energia, que fica estagnada e pesa. O decréscimo de energia restringe a motilidade, capacidade para ação espontânea e natural, com graça e emoção. A compensação do organismo encouraçado é o movimento mecânico, programado, sem sentimento. É um padrão de comportamento limitador, geralmente criado na infância para garantir a sobrevivência.

Pensamentos e sentimentos são condicionados por fatores energéticos – carga, descarga, pulsação, intensidade, grounding, centramento. Se a energia é retida, ela se transforma e gera pensamentos, sentimentos e atos literalmente distorcidos. De alguma forma, esta distorção fica também visível no corpo. Por exemplo, os músculos peitorais que participam da respiração, também têm a função de buscar algo que queremos e de manter longe aquilo que não queremos (impondo limites). Estes músculos participam também na torção do braço. Quando os peitorais estão contidos cronicamente, ombros e braços ficam limitados, limitando também a respiração. Um peito cronicamente contraído conta uma história de abandono e isolamento, mas também cria condições para novos abandonos e perdas na vida atual.

As pessoas que passam pelo processo da bioenergética informam um efeito positivo sobre sua energia, humor e trabalho, que acontece por meio de: 1. aprofundamento da respiração; 2. aumento do sentimento de vitalidade; 3. grounding de pernas, corpo, olhos, com melhor percepção da realidade; 4. agudização da autoconsciência; 5. ampliação da auto-expressão e do autocontrole.

O objetivo da terapia é uma pessoa cheia de vida, capaz de vivenciar e expressar, adequadamente, prazeres e dores, alegrias e tristezas, raiva, amor e sexualidade. O prazer de estar plenamente vivo fundamenta-se no estado vibratório do sistema, sendo percebido na expansão/contração pulsátil do organismo, inclusive no sistema vegetativo – respiratório, circulatório e digestivo. A atitude vibratória é responsável por ações espontâneas, liberação emocional e funcionamento interno harmônico.

Grounding Uma árvore só pode crescer se possuir raízes fortes, saudáveis e bem fincadas no chão. O tamanho da copa corresponde ao tamanho do sistema de raízes. Dizemos que alguém está grounded quando está com "os pés no chão", em contato com a realidade, inserida em seu contexto. O grounding dá o senso de segurança, eixo e centramento necessários para relacionamentos saudáveis. A criança obtém seu grounding por meio do corpo da mãe. O adulto precisa enraizar-se no seu próprio solo. É a única base sólida para partir para um relacionamento saudável. Caso contrário, a pessoa vai continuar tentando usar as raízes de outros, "vivendo dependurado". Dizendo coisas do tipo: "Não vivo sem você". Grounding é fundamental no trabalho bioenergético. Uma pessoa neste estado percebe que sua energia flui livremente, assim como sua respiração.

Prazer A meta essencial da vida é o prazer e nunca a dor, afirmava Freud. Mas como podemos definir prazer? Reich definiu esse sentimento como a percepção de um movimento expansivo dentro do corpo. Para ele, o ato de buscar algo é a base da experiência de prazer e representa uma expansão de todo o organismo, um fluxo de sentimentos e energia até a periferia do corpo. Fechamento, retraimento, retenção não são experiências de prazer, podendo provocar dor ou ansiedade, que seriam o resultado de uma pressão criada pela energia de um impulso bloqueado. Se a musculatura contém o impulso, ocorre contração e dor; se a musculatura não dá conta de conter a excitação do impulso, ocorre ansiedade.

O prazer é uma orientação biológica. Perante situações dolorosas, nós nos contraímos. Quando a situação contém uma promessa de prazer associada a uma ameaça de dor, sentimos ansiedade. O impulso é uma excitação prazerosa que nasce no íntimo, e se dirige para o mundo. Se encontra contração, a excitação se torna aflitiva, vira agitação motora, acelera a respiração e/ou o batimento cardíaco. Por exemplo, se o namorado não telefona. Você não consegue deixar de pensar nele, mas não se permite ligar para ele para não parecer interessada demais, e o desejo de falar com ele aumenta... Este dilema de sentir-se submetida a movimentos contraditórios é a causa da ansiedade latente na maioria dos distúrbios psíquicos. O único meio de evitar a ansiedade é suprimir o impulso, acabar com o desejo. Para suprimir o desejo, tem de ser suprimida a excitação. Quando a defesa é bem-sucedida a pessoa não sentirá ansiedade nem dor, mas ficará restringida para o prazer. Terá construído uma couraça para inibir o desejo de contato, a excitação ou o impulso e a ação. Com o tempo, essa couraça se torna crônica e inconsciente. A pessoa passa a viver de forma rígida, aprisionada física e emocionalmente na couraça que construiu para se proteger.

O fluxo de prazer parte do coração em direção aos pontos de contato com o mundo: olhos, boca, pele, mãos, pés e genitália. O sentimento de alegria, que brota de dentro, só é experimentado quando há energia e vida na barriga, ou seja, na pelve, afirma Lowen. A terapia vai ajudar a integrar a compreensão da cabeça, o afeto do coração e a sexualidade do corpo.

Couraça - Reich falava em quebrar couraças, vencer resistências. Hoje aprendemos que é melhor dissolver. Nós ajudamos a pessoa a se mover para dentro dos espaços internos onde os bloqueios podem ser dissolvidos, porque se tornaram desnecessários. Por exemplo: você está ferida e com raiva. Se a pessoa que a feriu chega e diz sinceramente: "Estou vendo que você está ferida e com raiva, eu sinto muito, me desculpe". O bloqueio começa a se dissolver. Dissolver couraças implica novos aprendizados, formas mais funcionais de viver o próprio self e estar no mundo.

Trabalho com a alma Respirar significa re-espiritualizar. Quando você libera o queixo, a boca, a respiração, o desejo, a busca, abre-se a alma. Os exercícios para alinhar o eixo do corpo e abrir o fluxo da energia através dos sete anéis, abrem os sete centros energéticos principais (chacras).

Antigamente, pensava-se que sexualidade e espiritualidade fossem coisas opostas, que a espiritualidade acontecia na cabeça, ao passo que a sexualidade acontecia na parte inferior do corpo. Esta visão do ser humano pressupõe uma divisão, que isola o coração e desfaz a conexão entre as duas extremidades do corpo. No ser humano integrado, a espiritualidade, assim como a sexualidade, são funções do ser como um todo. 

Quando o amor sobe à cabeça, vindo do coração, a pessoa sente a sua conexão com a corrente de amor universal. Quando o amor desce do coração para a pelve e as pernas, a pessoa sente-se ligada à terra, à individualidade. Esse grounding dá consistência e significado humano à espiritualidade. A espiritualidade, dissociada da sexualidade e do enraizamento no corpo, transforma-se em uma abstração; e a sexualidade, dissociada da espiritualidade, passa a ser um ato puramente físico. Em resumo, a análise bioenergética é um corpo de conhecimentos em evolução, que considera que a vitalidade é uma resultante da energia e da respiração. O contato com a realidade, a autonomia e a segurança são funções do grounding e o prazer depende de sentir pulsação, movimento, vibração, principalmente na pelve. Palavras e idéias podem enganar. Mas o corpo revela a nossa verdade. É o que temos em comum com todos os seres da natureza.


“A consciência da lei do amor leva à consciência da lei da vida
que por sua vez leva à consciência de Deus”
W. Reich, Éter, Deus e o Diabo.

Tamaris  Fontanella
atendimentos: www.espacoanima.com.br

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