Espaço Ânima sempre com você!

Conheça nosso site institucional

Nossa loja Online

Qualidade e facilidade!

Cursos Online

Diminuindo distâncias, aumentado as oportunidades. Mude sua Vida!

Núcleo de serviços corporativos

Confie na experiência! Saúde e Qualidade de Vida em sua Empresa!

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Preservativo Feminino

Os preservativos femininos, aos poucos, começam a fazer parte da vida dos brasileiros. Desde o ano passado, mais de 400.000 já foram vendidos no Brasil. Inventados desde a década de 80, só em 1993 começaram a ser vendidos em escala comercial. São produzidos nos Estados Unidos, mas, apesar disso, não fizeram sucesso por lá. Os principais consumidores das camisinhas femininas são os países da África, América Latina e Ásia.



O que é preservativo feminino?

O preservativo feminino é uma bolsa de poliuretano de dezessete centímetros que se ajusta na vagina. É um método contraceptivo de barreira que pode também proteger contra várias doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).


Como é usado?

Existe um anel flexível no extremidade fechada da bolsa. Um anel ligeiramente maior está na extremidade aberta. O anel na extremidade fechada mantém o preservativo na posição correta na vagina. O anel da extremidade aberta fica fora da vagina. Quando o preservativo estiver em posição durante a relação sexual, não há nenhum contato da vagina e da cérvice com a pele do pênis ou suas secreções. O preservativo feminino pode ser inserido até 8 horas antes do sexo.


Quais são os benefícios?

O preservativo feminino protege contra gravidez quase tão bem quanto o diafragma. Sua porcentagem de falha é de 21%. - O preservativo feminino dá às mulheres uma maneira de se proteger contra algumas doenças sexualmente transmissíveis. Da mesma forma que preservativos de látex para homens, nem o vírus da AIDS (HIV) nem o vírua da hepatite B podem penetrar o poliuretano do preservativo para mulheres. - É menos provável que o poliuretano cause uma reação alérgica que um preservativo de látex masculino. - O preservativo feminino é menos propenso a romper ou rasgar. - Não é necessário prescrição médica.- O preservativo feminino confere uma oportunidade às mulheres de dividirem a responsabilidade pelo uso de preservativos com seu parceiro.


Quais são as desvantagens?
Cada preservativo feminino pode ser usado uma vez só e custa entre R$5,00 e R$10.00.- O anel exterior é um pouco incômodo. - Como o preservativo masculino, o preservativo feminino não fornece proteção completa contra todas as DSTs. As infecções podem ser transmitidas por organismos em áreas da pele que não são cobertas pelo preservativo. Por exemplo, o preservativo não provê proteção confiável contra o vírus do herpes simplex ou o vírus da verruga venérea.


para todas Saúde e Qualidade de Vida Feminina


Bibliografia:

Consumidor Brasil
Dee Ann DeRoin

Conceitos de Terapias Holística e Complementares

Inicie os conhecimentos nessa área e uniforme sua linguagem para atuação profissional Conteúdo ..
Conceitos de Terapias Holística e Complementares



Fundamentos da Grande Fraternidade Branca

A Grande Fraternidade Branca é uma ordem espiritual de santos do Ocidente e de adeptos do Oriente, q..
Fundamentos da Grande Fraternidade Branca




Psicofilosofia Huna

  A Huna é um conhecimento filosófico dos antigos povos da região conhecida como Polinésia. ..
Psicofilosofia Huna


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Gênero e meio ambiente: a atualidade do ecofeminismo

A preocupação com o meio ambiente tem aumentado no decorrer dos anos. Já não é mais possível esconder a relação existente entre as catástrofes naturais e a destruição e poluição do meio ambiente. A crise ambiental está gerando problemas de caráter alarmante, os quais, além de comprometer a qualidade de vida, em muitos casos danificam o meio ambiente de forma irreversível, colocando em risco a vida do planeta para as gerações atuais e futuras.
Os problemas ambientais não devem ser entendidos isoladamente, visto que são sistêmicos, interligados e interdependentes. O capitalismo, centrado na exploração de recursos naturais e seres humanos tem contribuído decisivamente para o aprofundamento da destruição ambiental. Como já afirmava Engels: “não devemos vangloriar-nos demais com as vitórias humanas sobre a natureza, pois para cada uma destas vitórias, a natureza vinga-se às nossas custas” (ENGELS, 1972: 452).
No decorrer da história da humanidade, as mulheres têm desenvolvido uma relação diferenciada com a natureza em comparação aos homens. Neste texto, analisamos a pré-disposição das mulheres em proteger o meio ambiente e qual a relação existente entre a exploração e dominação da natureza e a dominação e subordinação das mulheres nas relações de gênero. Nesta análise, o movimento ecofeminista apresenta elementos importantes para a compreensão desta relação, contribuindo para a superação de visões simplificadoras acerca do tema.
1. A relação das mulheres com a natureza
Uma das primeiras representações divinas criadas pelos seres humanos foi a figura da “Deusa”, que representava a “mãe terra”. Conforme a mitologia grega, a Grande Mãe criou o universo sozinha, sendo Gaia a criadora primária, a “Mãe Terra”. Também as religiões pagãs antigas, como dos Vikings e Celtas, mantinham uma relação próxima com a natureza e cultuavam deusas, concedendo um destaque especial para as mulheres, pois estas tinham uma proximidade muito grande com a “Mãe Terra”, possuindo ambas o poder da fertilidade. Na mitologia celta, as mulheres eram invulneráveis, inteligentes, poderosas, guerreiras e líderes de nações. As mulheres também foram os primeiros seres humanos a descobrir os ciclos da natureza, pois era possível compará-los com o ciclo do próprio corpo. Com o cristianismo, a sociedade ocidental afastou-se destas origens pagãs de contato com a natureza e a mulher perdeu seu destaque, já que o Deus cultuado passou a ser masculino. A única figura feminina sagrada preservada foi a de Maria, mas não como uma divindade, e sim como uma intermediária de Deus, uma coadjuvante.
Diante da crise ambiental mundial e da consciência de que a Terra precisa ser preservada para garantir a sobrevivência das espécies, inclusive a humana, houve um despertar de valores ecológicos, ou seja, valores ligados à “Deusa” cultuada pelos povos pagãos, como o respeito a todas as formas de vida no planeta, a convivência na diversidade, etc.
2. O “cuidado” como tarefa feminina
A opressão e submissão das mulheres surgiram muito antes do capitalismo. Seu surgimento pode ser verificado historicamente desde que os povos deixaram de ser nômades e utilizaram a divisão social do trabalho como forma de organização. Assim, as mulheres permaneceram mais ligadas ao lar e aos filhos, enquanto os homens se ocupavam prioritariamente com as caçadas, por serem, na maioria das vezes, dotados de maior força física. Assim, as mulheres descobriram a agricultura e passaram a ter uma relação mais próxima com a natureza. Com a descoberta do papel masculino na reprodução, entretanto, era necessário saber quais os filhos que pertenciam a determinado homem para garantir a sucessão da herança. Inicia-se, desta forma, o controle sobre o corpo da mulher e o fato de mantê-la no âmbito do lar e cuidando da prole de um relacionamento monogâmico, facilitava tal intuito.
Através do desenvolvimento do capitalismo, as diferenças de gênero foram intensificadas. As mulheres foram, estrategicamente, encarregadas do trabalho doméstico, cuidando da casa, das crianças, dos velhos e doentes, além de “servirem” o marido, sendo caracterizadas como “rainhas do lar”. O trabalho doméstico foi considerado gratuito e denominado como trabalho não produtivo. Ao capitalismo a submissão social da mulher serviu inicialmente para diminuir os custos de reprodução do trabalho, uma vez que o salário do homem não precisava ser tão alto, pois ele não necessitava pagar pelos serviços domésticos (MIES, 1989: 47).
Simone de Beauvoir (BEAUVOIR, 1968) denuncia em seu livro O Segundo Sexo a exclusão das mulheres do espaço público em função da naturalização do papel feminino na reprodução. Desta forma, a mulher passa a ter uma vida cíclica, quase inconsciente, enquanto aos homens são reservados todos os benefícios da “civilização”[1]. Esta “naturalização” da tarefa feminina na reprodução e na vida doméstica, bem como a responsabilidade pela alimentação e saúde da família, acabou aproximando a mulher da natureza. Em muitas culturas as mulheres são as responsáveis pela manutenção da biodiversidade. Elas produzem, reproduzem, consomem e conservam a biodiversidade na agricultura (MIES/SHIVA, 1995: 234). Portanto, a tendência é que, para as mulheres, o equilíbrio do meio ambiente venha a se apresentar como um fator fundamental para a qualidade de vida da família, concebendo, assim, a natureza como fonte de vida que precisa ser preservada[2]. Enquanto isto, na visão capitalista patriarcal, a natureza não passa de um mero objeto de exploração, dominação e poder.
Os filósofos adeptos à ecologia profunda[3] afirmam que, se os homens estivessem mais próximos às tarefas domésticas e de reprodução, haveria um ganho na qualidade de vida e, conseqüentemente, na proteção ambiental, uma vez que eles teriam uma percepção real da unidade e interdependência dos seres humanos com o meio ambiente. As mulheres já fazem isto, porque a elas foi deixada a tarefa do cuidado e da manutenção da vida (CAPRA, 1996).
3. Ecofeminismo
O ecofeminismo originou-se de diversos movimentos sociais – de mulheres, pacifista e ambiental – no final da década de 1970, os quais, em princípio, atuaram unidos contra a construção de usinas nucleares. O movimento ecofeminista traz à tona a relação estreita existente entre a exploração e a submissão da natureza, das mulheres e dos povos estrangeiros pelo poder patriarcal (MIES/SHIVA, 1995: 23). Assim, a dominação das mulheres está baseada nos mesmos fundamentos e impulsos que levaram à exploração da natureza e de povos. Tanto o meio ambiente como as mulheres são vistos pelo capitalismo patriarcal como “coisa útil”, que devem ser submetidos às supostas necessidades humanas, seja como objeto de consumo, como meio de produção ou exploração. Além disso, o capitalismo patriarcal apresenta uma intolerância diante de outras espécies, seres humanos ou culturas que julga subalternas ao seu poder, buscando, assim, dominá-las. Neste contexto estão inseridos tanto o meio ambiente quanto as mulheres.
O ecofeminismo pode ser dividido em três tendências:
a) Ecofeminismo clássico. Nesta tendência o feminismo denuncia a naturalização da mulher como um dos mecanismos de legitimação do patriarcado. Segundo o ecofeminismo clássico, a obsessão dos homens pelo poder tem levado o mundo a guerras suicidas, ao envenenamento e à destruição do planeta. Neste contexto, a ética feminina de proteção dos seres vivos se opõe à essência agressiva masculina, e é fundamentada através das características femininas igualitárias e por atitudes maternais que acabam pré-dispondo as mulheres ao pacifismo e à conservação da natureza, enquanto os homens seriam naturalmente predispostos à competição e à destruição;
b) Ecofeminismo espiritualista do Terceiro Mundo. Teve origem nos países do sul, tendo a influência dos princípios religiosos de Ghandi, na Ásia, e da Teologia da Libertação, na América Latina. Esta tendência afirma que o desenvolvimento da sociedade gera um processo de violência contra a mulher e o meio ambiente, tendo suas raízes nas concepções patriarcais de dominação e centralização do poder. Caracteriza-se também pela postura crítica contra a dominação, pela luta antisexista, antiracista, antielitista e anti-antropocêntrica. Além disso, atribui ao princípio da cosmologia a tendência protetora das mulheres para com a natureza;
c) Ecofeminismo construtivista. Esta tendência não se identifica nem com o essencialismo, nem com as fontes religiosas espirituais das correntes anteriores, embora compartilhe idéias como antiracismo, anti-antropocentrismo e anti-imperialismo. Ela defende que a relação profunda da maioria das mulheres com a natureza não está associada a características próprias do sexo feminino, mas é originária de suas responsabilidades de gênero na economia familiar, criadas através da divisão social do trabalho, da distribuição do poder e da propriedade. Para tanto, defendem que é necessário assumir novas práticas de relação de gênero e com a natureza.
PULEO alerta para a debilidade teórica existente nas duas primeiras tendências, como também para um possível risco de se afirmar a utilização de estereótipos femininos na sociedade. O ecofeminismo construtivista, por sua vez, desconsidera a importância da mística, o que acaba dificultando a mobilização das mulheres em torno do tema, elemento este que para o ecofeminismo espiritualista tem representado uma força prática efetivamente mobilizadora.
As mulheres pobres do Terceiro Mundo, que vivem em uma economia de subsistência, são as maiores vítimas da crise ambiental em seus países, pois são as primeiras a sentirem o reflexo da diminuição da qualidade de vida causadas pela poluição ou escassez dos recursos naturais, os quais são explorados indiscriminadamente para satisfazer as “necessidades” do Primeiro Mundo. A lógica do capitalismo tem se demonstrado incompatível com as exigências ecológicas para a sustentabilidade da vida no planeta. Portanto, ao contrário do que muitos ecologistas pensam, não é possível ecologizar o capitalismo, assim como também não é possível acabar com a dominação e exploração do gênero feminino sem superar as estruturas capitalistas patriarcais que a mantém. Deste modo, tanto a solução da crise ambiental quanto a da opressão das mulheres não devem ser tratados como problemas isolados. A salvação da vida no planeta, assim como a emancipação não só das mulheres como de todos os seres humanos, dependem de uma mudança estrutural e organizacional da sociedade. E para isto, é imprescindível a ação conjunta dos movimentos sociais contra seu opressor comum: o capitalismo patriarcal.

[1] Embora as mulheres tenham conquistado um certo nível de emancipação e ingressado no mundo do trabalho assalariado, elas continuam sendo exploradas e menosprezadas através de salários menores que os dos homens e tendo que assumir, na maioria das vezes, jornadas duplas de trabalho.
[2] Percebe-se, no decorrer da história, que as mulheres são mais fortemente comovidas por catástrofes naturais que os homens e, ao mesmo tempo, são as primeiras a protestar contra a destruição ambiental (MIES/SHIVA, 1995: 9).
[3] A ecologia profunda possui uma visão holística do mundo, concebendo-o como um todo e não como um conjunto de partes dissociadas, sendo os seres humanos considerados como parte integrante do meio ambiente. Esta concepção está baseada no questionamento profundo dos paradigmas existentes na sociedade, numa perspectiva ecológica (CAPRA, 1996).
Revista Espaço Acadêmico no.58: http://www.espacoacademico.com.br/058/58angelin.htm


Referências bibliográficas:
BEAUVOIR, Simone de. Das andere Geschlecht: Sitte und Sexus der Frau. Hamburg: Rowohlt, 1968.
CAPRA, Fritijof. A teia da vida. São Paulo: Cultrix, 1996.
ENGELS, Friedrich. Dialetik der Natur. MEW 20. Berlin: Dietz Verlag, 1972.
MIES, Maria. Patriarchat und Kapital. Frauen in der internationalen Arbeitsteilung. Zürich: Rotpunktverlag, 1996.
MIES, Maria/SHIVA, Vandana. Ökofeminismus: Beiträge zur Praxis und Theorie. Zürich: Rotpunkt-Verlage, 1995.
PULEO, Alicia H. Feminismo y ecología. Disponível no site:http://www.nodo50.org/mujeresred/ecologia-a_puleo-feminismo_y_ecologia.html

PUSCH, Luise F. Feminismus – Inspektion der Herrenkultur. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1983.


Conceitos de Terapias Holística e Complementares
R0
Inicie os conhecimentos nessa área e uniforme sua linguagem para atuação profissional Conteúdo ..



Fundamentos da Grande Fraternidade Branca

A Grande Fraternidade Branca é uma ordem espiritual de santos do Ocidente e de adeptos do Oriente, q..
Fundamentos da Grande Fraternidade Branca




Psicofilosofia Huna
  A Huna é um conhecimento filosófico dos antigos povos da região conhecida como Polinésia. ..


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O Resgate do feminino: um olhar sobre o ecofeminismo e a mudança de paradigma

De: Luciana P. Urbim

1. A mudança de paradigma

“Una vez más debemos sentirnos sobre la tierra en nuestra casa y entre nosotros. Necesitamos uno nuevo paradigma que nos permita movernos de una cultura dominada por la violencia, a una cultura de pacificación, creatividad y paz”.(Vandana Shiva)


A terra vem passando por transformações que se tornam cada vez mais explícitas com todos os acontecimentos ocorridos recentemente na natureza. A humanidade toda começa a se perguntar a respeito do que está acontecendo e muitos, enfim, começam então a perceber o quão importante é o equilíbrio de nosso planeta e o quanto o homem vem contribuindo justamente para o contrário.
Muito além destes eventos naturais trágicos que vem suscitando tantos debates ocorre uma transformação mais lenta e profunda e que também diz respeito a relação homem-natureza. Esta transformação, não tão focada pela mídia quanto a anterior, se trata de uma mudança que vem ocorrendo nas bases de nossa cultura. Uma mudança poderosa mas silenciosa que vem crescendo, se fortalecendo e criando raízes firmes no solo da sociedade e aos poucos se faz ser ouvida. Esta transformação vem sendo constituída como uma alternativa à estrutura civilizacional que temos vivenciado. Mais do que uma mudança de mentalidade é apresentada como uma mudança de paradigma levando em consideração o termo dentro do conceito proposto por Boff (2000, p.27) de paradigma enquanto “uma maneira organizada, sistemática e corrente de nos relacionarmos com nós mesmos e com tudo o resto à nossa volta”. Tratando-se de “modelos e padrões de apreciação, de explicação e de ação sobre a realidade circundante”.
Esta alternativa surge como uma ferramenta essencial nesta construção sobre os resquícios patriarcais de um modelo de sociedade que tem sido visto como o principal responsável de alguns dos piores dramas da humanidade, entre eles a desigualdade social, a destruição do planeta, a violência e a miséria. Modelo este que representa cerca de 400 anos de nossa história recente e é simbolizado pelo capital, pela dominação e pelo poder sobre a natureza e sobre os seres mais fracos.

Na atitude de estar sobre as coisas e sobre tudo, parece residir o mecanismo fundamental de nossa atual crise civilizacional. [...] A vontade de tudo dominar nos esta fazendo dominados e assujeitados aos imperativos de umas Terra degradada. A utopia de melhorar a condição humana piorou a qualidade de vida. (Boff, 2000, p.25).

As grandes marcas desta atitude se mostram ainda fortes na atual sociedade de consumo, no capitalismo, no acúmulo de bens materiais, no desenvolvimento econômico sem freios e na ilusão do uso ilimitado dos recursos naturais, entre outros tantos. Cresce assim a preocupação sobre este modelo e se busca uma nova forma de nos relacionarmos com nosso meio, nossa comunidade local e também global. Surge uma preocupação sobre a humanidade como um todo e a necessidade de um novo projeto, buscando desta forma uma nova visão, um novo posicionamento frente a essas questões.

Hoje estamos entrando num novo paradigma. Quer dizer, está emergindo uma nova forma de dialogação com a totalidade dos seres e de suas relações [...] em razão da crise atual, está se desenvolvendo uma nova sensibilização para com o planeta como um todo. Daqui surgem novos valores, novos sonhos, novos comportamentos, assumidos por um número cada vez mais crescente de pessoas e de comunidades. É desta sensibilização prévia que nasce um novo paradigma.[...] Começa já uma nova dialogação com o universo. (Boff, 2000, p.29-30).

Assim aos poucos vai sendo sinalizada uma nova concepção não apenas da natureza e de nosso planeta como também do próprio ser humano e de suas relações com o entorno. Resgatando um sentimento de pertença e de cuidado, estimulando uma conexão mais verdadeira com a realidade em volta e com o mundo. Assumindo cada cidadão uma postura de maior responsabilidade sobre esta realidade e este mundo que construímos diariamente.

Temos uma nova percepção da Terra, como uma imensa comunidade da qual somos membros. Membros responsáveis para que todos os demais membros e fatores, desde o equilíbrio energético dos solos e dos ares, passando pelos microorganismos até chegar às raças e a cada pessoa individual, possam conviver em harmonia e paz. (Boff, 2000, p.31).

A mudança de paradigma surge como o único caminho para o futuro da humanidade, como a única saída se de fato quisermos manter a vida em nosso planeta. Capra (1996, p.23) nos coloca que “Há soluções para os principais problemas de nosso tempo, algumas delas até mesmo simples. Mas requerem uma mudança radical em nossas percepções, no nosso pensamento e nos nossos valores”. É neste ponto que reside a importância fundamental de toda esta transformação, pois para reciclarmos nossa sociedade e por conseguinte nosso planeta precisamos primeiramente passarmos todos por uma reciclagem individual e transformadora.

1.1 Ecologia profunda

Dentro das teorias apresentadas por Capra, assim como por outros teóricos da atualidade o homem surge como uma peça igualmente fundamental, mas apenas mais uma peça na teia da vida. Torna-se óbvia a unicidade presente no universo, seja ele interno ou externo ao ser. Tudo está interligado e interconectado formando uma cadeia interdependente. Essa visão prevalece sobre a visão mecanicista que isolava cada elemento em seu lugar e torna-se a marca principal da mudança de paradigma.

O novo paradigma pode ser chamado de uma visão de mundo holística, que concebe o mundo como um todo integrado, e não como uma coleção de partes dissociadas. Pode também ser denominada visão ecológica, se o termo ‘ecológica’ for empregado num sentido mais amplo e mais profundo do que o usual. (Capra, 1996, p.25).

Capra (1996, p.25) coloca o conceito de ecológico acima do significado popularizado, agregando fortes valores éticos e comportamentais a concepção de visão ecológica. Sendo assim, a percepção ecológica profunda “reconhece a interdependência fundamental de todos os fenômenos, e o fato de que, enquanto indivíduos e sociedades, estamos todos encaixados nos processos cíclicos da natureza (e, em última análise, somos dependentes desses processos)”. Para isso o autor busca a teoria de Arne Naess que faz a distinção entre a ecologia convencional e a ecologia de que fala Capra. Naess apresenta duas correntes: a ecologia rasa e a ecologia profunda, e é dentro desses conceitos que Capra consegue ilustrar claramente o que ele objetiva dizer ao falar de uma visão ecológica de fato:
A ecologia rasa é antropocêntrica, ou centralizada no ser humano. Ela vê os seres humanos como situados acima ou fora da natureza [...] a ecologia profunda não separa seres humanos – ou qualquer outra coisa do meio ambiente natural. Ela vê o mundo não como uma coleção de objetos isolados, mas como uma rede de fenômenos que estão fundamentalmente interconectados e são interdependentes. A ecologia profunda reconhece o valor intrínseco de seres vivos e concebe os seres humanos apenas como um fio particular na teia da vida. (Capra, 1996, p.25).

Assim ele determina a ecologia profunda como o grande fundamento, o alicerce do novo paradigma. É basicamente imprescindível resgatar o sentimento no individuo de pertença para com a natureza para que este possa de fato modificar seus hábitos e sua relação com o meio. Baseado na ecologia profunda é que se torna possível construir essa nova percepção no ser humano da natureza que o cerca e do qual ele faz parte. E é a partir dela que de fato desencadeia-se a complexa transformação de nossos valores culturais herdados.

Toda a questão dos valores é fundamental para a ecologia profunda; é, de fato, sua característica definidora central. Enquanto que o velho paradigma está baseado em valores antropocêntricos (centralizados no ser humano), a ecologia profunda está alicerçada em valores ecocêntricos (centralizados na Terra). É uma visão de mundo que reconhece o valor inerente da vida não-humana. Todos os seres vivos são membros de comunidades ecológicas ligadas umas às outras numa rede de interdependências. Quando essa percepção ecológica profunda torna-se parte de nossa consciência cotidiana, emerge um sistema de ética radicalmente novo. (Capra, 1996, p.28).

1.2 Ecofeminismo

Outra vertente apresentada por Capra relacionada a ecologia profunda é o ecofeminismo, uma corrente oriunda do movimento feminista que relaciona historicamente a mulher e a natureza com a subjugação e exploração sofrida por ambas. O ecofeminismo representa um forte movimento no sentido de reforçar a importância da mudança de paradigma também para a melhoria da relação entre gêneros, assim como da relação com o meio. Seus expoentes trabalham em nome da transformação do atual e ultrapassado modelo civilizacional representado pelo patriarcado. Assim como os autores já citados lutam pela mudança de paradigma uma vez que associam a este o resgate dos valores femininos simbolizados pela proteção e pelo ato de cuidar, entre outros.

Os ecofeministas vêem a dominação patriarcal de mulheres por homens como o protótipo de todas as formas de dominação e exploração: hierárquica, militarista, capitalista e industrialista. Eles mostram que a exploração da natureza, em particular, tem marchado de mãos dadas com a das mulheres, que têm sido identificadas com a natureza através dos séculos.[...] os ecofeministas vêem o conhecimento vivencial feminino como uma das fontes de uma visão ecológica da realidade. (Capra, 1996, p.27).

O ecofeminismo vê a dominação ao qual a mulher foi sujeitada assim como outras raças (índios e negros) e seres mais fracos, paralelamente a dominação e usurpação da natureza e de suas riquezas. Uma vez que entre os povos primitivos, segundo alguns historiadores, sempre houve uma forte conexão entre a mulher e a natureza, através do culto ao feminino e a Terra em si como símbolo maior deste princípio.
Esta visão sacralizada da natureza percebia o homem como parte dela e este em troca lhe tratava com respeito e cordialidade, com o carinho de um filho para com a sua mãe. Na medida em que a natureza foi perdendo este seu caráter sagrado paralelamente iniciou sua exploração. Os valores patriarcais de dominação e centralização de poderes logo começaram a ser sentidos também pelas mulheres dando prosseguimento a mesma associação anterior, só que de forma diferente onde a mulher, assim como a natureza, tornou-se mera propriedade masculina. O atual resgate fruto da mudança de paradigma possibilita a homens e mulheres repensarem essa relação histórica entre si e com a Terra.

A recuperação do princípio feminino se baseia na amplitude. Consiste em recuperar na Natureza, a mulher, o homem e as formas criativas de ser e perceber. No que se refere à Natureza, supõe vê-la como um organismo vivo. Com relação à mulher, supõe considerá-la produtiva e ativa. E no que diz respeito ao homem, a recuperação do princípio feminino implica situar de novo a ação e a atividade em função de criar sociedades que promovam a vida e não a reduzam ou a ameacem. (Shiva, 1991, p.77 apud Siliprandi, 2000, p.65).

A questão do resgate do feminino corresponde mais ao equilíbrio do que a sobreposição de um modelo sobre o outro. O patriarcado se enfraqueceu no momento em que o feminismo alcançou maiores espaços e maior peso cultural. Ou seja, não há de fato um culpado, o masculino não é determinado como o inimigo, mas sim como um extremo apenas de uma complexa realidade histórico-socio-cultural existente entre homens e mulheres. Por um longo período este extremismo vem sendo perpetuado causando enormes prejuízos para ambos os gêneros da raça humana, além de inúmeros desequilíbrios que atingiram não apenas a sociedade como também ao nosso meio em comum: a Terra.

Em um mundo constituído por homens e mulheres ainda assim o poder há centenas de anos vem sendo centralizado pelo masculino alicerçado em diversos princípios prepotentes e manipuladores características do patriarcado que ainda são sentidos nos dias de hoje em nossa atual bagagem cultural que infelizmente herda um vasto legado de dominação, destruição, medo e culpa; obra de uma visão masculina judaico-cristã que permitiu ao homem branco sentar-se em seu trono sobre a natureza e subjugar espécies diferentes da sua, fazendo incluir nesta categoria mulheres, índios e negros entre outros, que como o restante da natureza também não eram dignos de possuir uma alma. O que já era o suficiente para justificar qualquer atrocidade cometida e respaldá-la em bases religiosas que disseminavam estes valores.

El patriarcado capitalista dominante es una ideología basada en el miedo y la inseguridad[...]Y el ecofeminismo dice: hay suficiente para todos, no tienes que asustarte, no tienes que destruir la vida para conseguir un poco... Se necesita confianza para permitir a la vida evolucionar en libertad y alimentarse a sí misma en el proceso. El ecofeminismo es una filosofía de la seguridad, de la paz, de la confianza, el patriarcado capitalista es asustadizo, es estrecho de miras, está tan terriblemente asustado que no puede tolerar a otras especies o culturas. (Shiva, 2005).

Como colocam os autores trata-se de um imprescindível resgate não apenas para as mulheres mas para toda a civilização e principalmente para as futuras gerações. A mudança de paradigma torna-se urgente para que se coloque um ponto final definitivo nesta história sangrenta marcada por conflitos e guerras por poder e dinheiro que tanto castigaram a Terra e seus povos ao longo de centenas de anos de domínio e exploração.

La recuperación del principio femenino permite trascender los cimientos patriarcales del mal desarrollo y transformarlos. Permite redefinir el crecimiento y la productividad como categorías vinculadas a la producción —no a la destrucción— de la vida. De modo que es un proyecto político, ecológico y feminista a la vez, que legitima la vida y la diversidad, y que quita legitimidad al conocimiento y la práctica de una cultura de la muerte que sirve de base a la acumulación de capital. (Shiva, 1995, p.02).


2. O papel da mídia

A comunicação pode se tornar um importante instrumento para a conscientização e uma posterior educação ambiental ao servir como propagadora dos valores disseminados pelo novo paradigma uma vez que é conhecida a influência exercida pela mídia sobre a opinião pública A mídia se caracteriza como um importante meio e assume um caráter de agente cultural capaz de influenciar comportamentos e posicionamentos mais éticos e ecológicos.

Neste final de século estamos testemunhando uma profunda crise que afeta todos os aspectos da vida. A poluição gerada pela busca do lucro a qualquer custo, as guerras, a fome, a miséria generalizada, revelam uma sociedade injusta, sem ética e que nega o direito à cidadania. Ao mesmo tempo, o avanço acelerado das tecnologias da informação tem contribuído para a abolição das distâncias permitindo maior rapidez nas comunicações. (Tourinho).

É fundamental a participação dos órgãos de comunicação neste processo de sensibilização à mudança de paradigma. É sabida a força da comunicação de massa, mas falta ainda interesse mais humano na habilidade de conduzir a questão. Temas de relevante importância para toda a sociedade ainda são deixados de lado em detrimento da postura de veículos comerciais guiados na maioria das vezes por motivações que visam unicamente o lucro, ao contrário de exercer um papel realmente elucidativo e educativo junto à comunidade. Salvo raras exceções como as que tem sido constatadas no jornalismo ambiental realizado na última década.

O jornalismo ambiental assume uma missão muito importante para contribuir com a transformação da sociedade tendo em vista uma oikos solidária, sadia, afetiva e ética. E o jornalista precisa estar consciente de seu papel como agente de transformação social. Precisa estar bem informado, estudar constantemente e ter responsabilidade, pois atua em um campo muito amplo que exige o domínio a linguagem científica, para que esta possa ser decodificada e democratizada. É um campo que freqüentemente se apega a discursos ambíguos para justificar a imposição de certas tecnologias que são apresentadas como benéficas e salvadoras da humanidade. (Tourinho).

Torna-se fundamental a atuação consciente do jornalista para que de fato a mídia seja conduzida como um importante meio para reforçar os valores do novo paradigma. Este precisa assumir a responsabilidade social que esta incutida em sua profissão e perceber a real dimensão de seu trabalho como comunicador e também como educador. Reciclando a imagem de uma mídia que é vista de forma tão polêmica no tocante aos valores incentivados. Segundo Alves (2002, p.02) “os meios de comunicação, em sua maioria, propõem uma idéia que é conflitante com a idéia de proteção e respeito ao Meio Ambiente, estimulando valores insustentáveis de consumismo, desperdício, violência, preconceito, desrespeito” entre outros. A autora critica a postura da mídia frente as questões ambientais e cita Brügger que “afirma que a mídia globalizada vende ‘rupturas com o entorno’ sendo que essas rupturas são enfatizadas pelo incentivo ao consumismo” (Alves, 2002, p.02).


As empresas de comunicação de massa, destacando-se a mídia impressa, definida como sendo o conjunto formado por "revistas, jornais, folhetos, mala-direta, cartazes, outdoors, displays, catálogos e outros (Erbolato, 1986 p.214-Dicionário de propaganda e jornalismo). Esta exerce papel preponderante na prestação de informação correta, confiável e na formação de opinião. Para que possam desempenhar adequadamente seu papel, faz-se necessário que as empresas de mídia impressa assumam publicamente seus valores e filosofia, e que a questão ambiental faça parte destes, assumindo também ações responsáveis de forma ética, social e ambientalmente corretas nas comunidades nas quais estão inseridas, deve ainda incentivar e estimular a especialização de seus profissionais na àrea ambiental, disponibilizar espaço para as reportagens de cunho preservacionista, ecológico e ambiental. (Alves, 2002, p.10).


2.2 Uma nova abordagem

É impossível que a sociedade continue a ignorar a questão ambiental e tudo que ela envolve, como ela nos envolve e afeta direta ou indiretamente. A mídia tem muito a fazer nesse sentido ao compensar uma antiga brecha social, e assim como o indivíduo a mídia também tem que se reciclar e oferecer abertura ao novo paradigma. Através de um olhar mais atento as completudes dos fatos ao invés de evocar um discurso superficial e isolado. É somente utilizando-se de um posicionamento holístico que a mídia pode modificar a base de suas mensagens e conseqüentemente o impacto que causará em seu público.

O jornalismo que se propõe holístico incorpora sempre a busca de visões múltiplas, porque múltipla é a realidade. Ela só pode ser amplamente entendida com um enfoque dentro de um contexto balanceado, onde se examina globalmente o presente, se busca as raízes do fenômeno no passado e, tanto quanto possível, se percebe a eventual conseqüência que o fato vai trazer para o futuro. (Lima, 1994).


Infelizmente essa visão holística ainda é pouco encontrada na mídia de forma geral. Com exceção de alguns programas de Tv com uma linguagem mais moderna e aproximada com as mudanças culturais são poucos os canais que disponibilizam material informativo e educativo de qualidade levando em conta a preocupação de formar cidadãos mais conscientes e ativos. Na mídia impressa esse fato muda devido a várias revistas segmentadas que já expressam muitos dos valores propostos pela mudança de paradigma, são publicações atentas as questões ambientais e humanas e que objetivam por um jornalismo que acrescente conteúdo e estimule a busca pela qualidade de vida de seus leitores. Segundo Giacomini Filho (1996, p.42) “qualquer abordagem sobre aspectos de qualidade de vida deve considerar a comunicação social [...] os instrumentos de comunicação social devem ser vistos como elementos agregados aos atributos de qualidade de vida”. Esta situação decorre do que o autor chama “da vocação como agentes informativos e persuasivos” natural dos meios de comunicação social.

Se uma instituição jornalística quer colaborar no processo da necessidade urgente de transformação da consciência humana, um jornalismo com uma percepção holística pode ajudar muito. O ser humano está descobrindo que há um patamar de percepção e interação com a realidade armazenado dentro dele, mas adormecido. Essa alavancagem para a percepção ampliada precisa ser feita com urgência, porque é a partir dessa percepção, testada interiormente em cada indivíduo, que seremos capazes de agir num patamar coletivo de maior alcance e harmonia. Estamos saindo de uma era que tentava dominar e controlar a natureza. Em consequência, também a exploração do homem pelo homem. Felizmente, estamos percebendo que a saída dessa crise brutal não é essa. O caminho é aprender agir em harmonia e cooperação. Essa cooperação é do homem com o homem, do homem com a natureza e de todos em conjunto. Todos fazemos parte de uma realidade única. (Lima, 1994).

Talvez muitos dos erros cometidos pela mídia sejam pela razão de não realizarem o que aponta Vandana Shiva (2005) ao falar sobre o ecofeminismo que se trata de “poner la vida en el centro de la organización social, política y econômica”. Um ótimo ponto de partida para os profissionais de comunicação seria o de adotar os valores intrínsecos propostos pelo novo paradigma. A ecopedagogia poderia servir como um produtivo caminho no intuito de realizar essa reeducação da sociedade. A mídia, ao assimilar esse conjunto de saberes enriqueceria o debate relacionado ao meio ambiente através de um enfoque mais humano e educativo. Desempenhando desta forma um papel chave na construção de uma nova realidade social.

Vivemos na era da informação, mas não do conhecimento e da comunicação. As tecnologias da comunicação não significam comunicação humana. Temos necessidade, por isso, de uma “esfera pública cidadã” (Jürgen Habermas), uma esfera pública de decisão não-estatal; precisamos, como diz Adela Cortina, de uma “ética pública cívica”, fundada numa sociedade pluralista (por exemplo: respeitar respostas distintas a perguntas sobre a vida, isto é, praticar o pluralismo ético); na convivência autêntica (“viver juntos e não apenas justapor-se”); na construção coletiva (“tarefa a realizar permanentemente pois os pontos de convergência não são automáticos”) e no descobrimento mútuo e no diálogo (“buscar o que temos em comum”).( Gadotti, 2002, p.03).


Esta sociedade pluralista que engloba ao invés de excluir, que dá voz a todos deveria ser o grande objetivo a ser alcançado pela comunicação social. Esta proposta pedagógica representa uma ação necessária e urgente da sociedade na tentativa de construir novos modelos sociais, mais harmonizados com a natureza e com os valores complexos da mudança de paradigma. Fazendo com que os cidadãos criem esta re-conexão, essa re-ligação com o sentimento de humanidade e zelo pelo planeta, e possa enfim vivenciar uma cultura de paz. Pois como afirma Gadotti (2002, p.05) “o que foi socialmente construído pode ser socialmente transformado. Um outro mundo é possível. Uma outra globalização é possível. Precisamos chegar lá juntos e, sobretudo, em tempo”.

3. Considerações finais

No grande contexto que representa o planetário muitos conceitos ficam ainda mais claros do que quando percebidos apenas isoladamente, localmente, ou ao compartimentar a humanidade criando barreiras e segmentando os seres, separando-os em diferentes grupos, como se no final não fossemos todos pertencentes à mesma espécie, ao mesmo momento histórico e ao mesmo planeta. Não há como falar sobre o ser humano e sobre o meio ambiente sem o enfoque da percepção holística, não há como tratar às questões humanas sem pensá-las dentro de um contexto de unicidade. Como bem expresso nas palavras de Boff:

Os temas da complexidade, da interconexão de todas as coisas entre si e da centralidade da vida nos evocam a mulher e as reflexões do ecofeminismo[...] Se queremos elaborar uma nova aliança com a natureza, de integração e de harmonia, encontramos na mulher e no feminino (no homem e na mulher) fontes de inspiração. Ela não se deixa reger apenas pela razão mas integra mais holisticamente também a intuição, o coração, a emoção e o universo arquetípico do inconsciente pessoal, coletivo e cósmico.(Boff, 2000 p.52-53).

Um novo modelo emerge e prega uma transformação efetiva em nossa conduta frente à vida como um todo e em todas as suas representações e manifestações. Por que então levar adiante uma estrutura já ruída e que não nos leva a outro lugar senão a nossa eminente destruição? Surge uma urgência, uma convocação que por enquanto só chega apenas àqueles sensíveis às causas da vida, àqueles que se interessam em ouvir além. Chega como um pedido de socorro de um ente-querido ancestral que nos presenteou com nossa existência e que agora nos pede ajuda. E que fala da importância deste resgate, que representa um olhar atencioso para com o mundo através do gesto de cuidar. Cuidar de nós mesmos, de nossa qualidade de vida; cuidar de nossos semelhantes, nossa comunidade; cuidarmos de nosso planeta. Estes são alguns dos princípios defendidos pelo novo paradigma e reafirmados pelo resgate do feminino, deste feminino que fala de paz, de solidariedade e de amor. Sentimentos tão necessitados por todos nós e principalmente por nossa Gaia.


4. Anexos
A CARTA DA TERRA NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO
Primeiro Encontro Internacional - São Paulo, 23 a 26 de agosto de 1999.
Organização: Instituto Paulo Freire - Apoio: Conselho da Terra e UNESCO-Brasil
CARTA DA ECOPEDAGOGIA
Em defesa de uma Pedagogia da Terra
(Minuta de discussão do Movimento pela Ecopedagogia)

1. Nossa Mãe Terra é um organismo vivo e em evolução. O que for feito a ela repercutirá em todos os seus filhos. Ela requer de nós uma consciência e uma cidadania planetárias, isto é, o reconhecimento de que somos parte da Terra e de que podemos perecer com a sua destruição ou podemos viver com ela em harmonia, participando do seu devir.
2. A mudança do paradigma economicista é condição necessária para estabelecer um desenvolvimento com justiça e eqüidade. Para ser sustentável, o desenvolvimento precisa ser economicamente factível, ecologicamente apropriado, socialmente justo, includente, culturalmente eqüitativo, respeitoso e sem discriminação. O bem-estar não pode ser só social; deve ser também sócio-cósmico.
3. A sustentabilidade econômica e a preservação do meio ambiente dependem também de uma consciência ecológica e esta da educação. A sustentatibilidade deve ser um princípio interdisciplinar reorientador da educação, do planejamento escolar, dos sistemas de ensino e dos projetos político-pedagógicos da escola. Os objetivos e conteúdos curriculares devem ser significativos para o(a) educando(a) e também para a saúde do planeta.
4. A ecopedagogia, fundada na consciência de que pertencemos a uma única comunidade da vida, desenvolve a solidariedade e a cidadania planetárias. A cidadania planetária supõe o reconhecimento e a prática da planetaridade, isto é, tratar o planeta como um ser vivo e inteligente. A planetaridade deve levar-nos a sentir e viver nossa cotidianidade em conexão com o universo e em relação harmônica consigo, com os outros seres do planeta e com a natureza, considerando seus elementos e dinâmica. Trata-se de uma opção de vida por uma relação saudável e equilibrada com o contexto, consigo mesmo, com os outros, com o ambiente mais próximo e com os demais ambientes.
5. A partir da problemática ambiental vivida cotidianamente pelas pessoas nos grupos e espaços de convivência e na busca humana da felicidade, processa-se a consciência ecológica e opera-se a mudança de mentalidade. A vida cotidiana é o lugar do sentido da pedagogia pois a condição humana passa inexoravelmente por ela. A ecopedagogia implica numa mudança radical de mentalidade em relação à qualidade de vida e ao meio ambiente, que está diretamente ligada ao tipo de convivência que mantemos com nós mesmos, com os outros e com a natureza.
6. A ecopedagogia não se dirige apenas aos educadores, mas a todos os cidadãos do planeta. Ela está ligada ao projeto utópico de mudança nas relações humanas, sociais e ambientais, promovendo a educação sustentável (ecoeducação) e ambiental com base no pensamento crítico e inovador, em seus modos formal, não formal e informal, tendo como propósito a formação de cidadãos com consciência local e planetária que valorizem a autodeterminação dos povos e a soberania das nações.
7. As exigências da sociedade planetária devem ser trabalhadas pedagogicamente a partir da vida cotidiana, da subjetividade, isto é, a partir das necessidades e interesses das pessoas. Educar para a cidadania planetária supõe o desenvolvimento de novas capacidades, tais como: sentir, intuir, vibrar emocionalmente; imaginar, inventar, criar e recriar; relacionar e inter-conectar-se, auto-organizar-se; informar-se, comunicar-se, expressar-se; localizar, processar e utilizar a imensa informação da aldeia global; buscar causas e prever conseqüências; criticar, avaliar, sistematizar e tomar decisões. Essas capacidades devem levar as pessoas a pensar e agir processualmente, em totalidade e transdisciplinarmente.
8. A ecopedagogia tem por finalidade reeducar o olhar das pessoas, isto é, desenvolver a atitude de observar e evitar a presença de agressões ao meio ambiente e aos viventes e o desperdício, a poluição sonora, visual, a poluição da água e do ar etc. para intervir no mundo no sentido de reeducar o habitante do planeta e reverter a cultura do descartável. Experiências cotidianas aparentemente insignificantes, como uma corrente de ar, um sopro de respiração, a água da manhã na face, fundamentam as relações consigo mesmo e com o mundo. A tomada de consciência dessa realidade é profundamente formadora. O meio ambiente forma tanto quanto ele é formado ou deformado. Precisamos de uma ecoformação para recuperarmos a consciência dessas experiências cotidianas. Na ânsia de dominar o mundo, elas correm o risco de desaparecer do nosso campo de consciência, se a relação que nos liga a ele for apenas uma relação de uso.
9. Uma educação para a cidadania planetária tem por finalidade a construção de uma cultura da sustentabilidade, isto é, uma biocultura, uma cultura da vida, da convivência harmônica entre os seres humanos e entre estes e a natureza. A cultura da sustentabilidade deve nos levar a saber selecionar o que é realmente sustentável em nossas vidas, em contato com a vida dos outros. Só assim seremos cúmplices nos processos de promoção da vida e caminharemos com sentido. Caminhar com sentido significa dar sentido ao que fazemos, compartilhar sentidos, impregnar de sentido as práticas da vida cotidiana e compreender o sem sentido de muitas outras práticas que aberta ou solapadamente tratam de impor-se e sobrepor-se a nossas vidas cotidianamente.
10. A ecopedagogia propõe uma nova forma de governabilidade diante da ingovernabilidade do gigantismo dos sistemas de ensino, propondo a descentralização e uma racionalidade baseadas na ação comunicativa, na gestão democrática, na autonomia, na participação, na ética e na diversidade cultural. Entendida dessa forma, a ecopedagogia se apresenta como uma nova pedagogia dos direitos que associa direitos humanos – econômicos, culturais, políticos e ambientais - e direitos planetários, impulsionando o resgate da cultura e da sabedoria popular. Ela desenvolve a capacidade de deslumbramento e de reverência diante da complexidade do mundo e a vinculação amorosa com a Terra.



Referências Bibliográficas:


ALVES, Jane Magali Rocha. O papel da mídia na informação ambiental. 2002. Disponível em:. Acesso em 12/02/2006.
BOFF, Leonardo.Dignitas Terrae- Ecologia: grito da terra, grito dos pobres. São Paulo: Editora Ática, 2000.
CAPRA, Fritjof. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo: Editora Cultrix, 1996.
____ . As conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável. São Paulo: Editora Cultrix, 2002.
CASTELLS, Manuel. A era da informação: economia, sociedade e cultura. Vol.2: O poder da identidade. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
DENCKER, Ada de Freitas e KUNSCH, Margarida (org). Comunicação e meio ambiente. São Bernardo do Campo -SP: Coleção Intercom n°5, 1996.
GADOTTI, Moacir. Pedagogia da Terra e cultura da sustentabilidade. 2002. Disponível em: . Acesso em 12/02/2006.
GIACOMINI FILHO, Gino. Comunicação e qualidade de vida em Comunicação e meio ambiente. São Bernardo do Campo -SP: Coleção Intercom n°5, 1996.
LIMA, Edvaldo Pereira. A perspectiva holística no jornalismo. 1994. Disponível em: . Acesso em: 12/02/2006.
PULEO, Alicia. Feminismo y ecologia. Disponível em:. Acesso em 12/02/2006.
RUETHER, Rosemary Radford. Ecofeminsismo: Mulheres do primeiro e terceiro mundo. Disponível em: . Acesso em: 02/01/2006.
SHIVA, Vandana. Entrevista a Vandana Shiva sobre ecofeminismo. 2005. Disponível em: . Acesso em: 02/01/2006.
____. Abrazar la vida: mujer, ecologia y supervivencia. Montevideo: Instituto del Tercer Mundo, 1991.
____. La mirada del ecofeminismo. 1995. Disponível em: . Acesso em: 02/01/2006.
SILIPRANDI, Emma. Ecofeminismo: contribuições e limites para a abordagem de políticas ambientais.




Conceitos de Terapias Holística e Complementares
R$
Inicie os conhecimentos nessa área e uniforme sua linguagem para atuação profissional Conteúdo ..



Fundamentos da Grande Fraternidade Branca


A Grande Fraternidade Branca é uma ordem espiritual de santos do Ocidente e de adeptos do Oriente, q..Fundamentos da Grande Fraternidade Branca




Psicofilosofia Huna
  A Huna é um conhecimento filosófico dos antigos povos da região conhecida como Polinésia. ..