quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Quando o Xamã Voava

Compreendo que há uma grande curiosidade sobre o Xamanismo, então deixo aqui algumas passagens do livro de Gilberto Lascariz ” Quando o Xamã voava” da Editora Zéfiro. É um livro muito interessante que coloca a hipótese do xamanismo europeu ter sobrevivido nas práticas da bruxaria europeia e que revela o que é o xamanismo arcaico. Ao ler este livro você fica com uma ideia clara e precisa do que é o xamanismo tradicional. Depois voe para onde a sua Alma o mandar voar.
“Não existe no Xamanismo nem seitas nem igrejas, nem líderes nem gurus. O xamã é um “escolhido” dos Ancestrais Míticos e a sua reputação, embora sancionada solenemente pelas comunidades a quem eles serviam, advinha sobretudos dos Espíritos e dos Deuses.”
“O xamã era um de entre muitos especialistas do sagrado que existiam entre as múltiplas e heterogêneas tribos da Sibéria antes da chegada dos Russos e Chineses. Ele nem era o mais reputado especialista do sagrado. Era talvez o mais temido e aquele sobre o qual mais tabus o degredavam da sociedade humana. como relata Caroline Humphrey, seguindo as anotações do Waldemar Jochelson ( 1855 – 1937 ) que estudara a sociedade Yakute da Sibéria durante o seu exílio político e mais tarde nos anos 1894/1895 durante a Expedição Sibiriakov, eram muitos e variados os especialistas mágicos que socorriam as pessoas e as tribos ameaçadas pela doença e o infortúnio. Entre os Yakute, por exemplo, era habitual os indivíduos doentes ou que se sentiam vítimas do revés e da adversidade consultarem primeiro o conjurador ( alhacci ), o profeta ( korbuoccu ) e o feiticeiro ( ican ). O oyun, o equivalente do xamã que exercia também a sua função em transe, era o último recurso, depois de esgotados os meios convencionais de cura e adivinhação.”
Diferenças entre xamã xamã negro e xamã branco:
“O primeiro era o herói arcaico, guerreiro e feiticeiro, que descia ao Mundo Subterrâneo em êxtase para buscar a alma perdida e negociar com os Espíritos das Doenças, enquanto o segundo era o mediador ritual, já incapaz de aceder a estados alterados de consciência profunda e que se veio a tornar o modelo de sacerdote das religiões monoteístas. Nas sociedades cristãs, o primeiro encarnava o bruxo e o segundo encarnava o curandeiro.”
” A essência do Xamanismo é uma jornada visionária em transe lúcido aos mundos suprasensíveis, guiado ou metamorfoseado em animal. A crença de que os seres humanos tinham uma contraparte espiritual de natureza animal, em contraste com a sua personalidade socialmente funcional, estava associada à percepção da sua recíproca interdependência e similitude. Intuía-se que, de alguma forma, o ser humano era permeado pelo animal por elos míticos de parentesco. Emergia, assim, o conceito de alma-animal.”
“O praticante moderno de xamanismo transfere a sua consciência pela fantasia na dimensão da sua alma-corporal, que por sua natureza está presa no corpo físico. À soma das forças da sua alma-corporal ele designa-a com o nome de animal de poder. Daí o exagero com que realça o trabalho de cura na arte xamânica, como sendo a quinta- essência .do trabalho xamânico. Contudo, o xamã arcaico transfere a sua consciência para fora de si mesmo, na esfera da alma-livre, por isso a soma das suas forças é representada pelo animal-eleitor. Isso explica porque o neoxamã nunca sai da esfera do corpo e vive nas forças primárias do ego e de sua fantasia, enquanto o xamã antigo conseguia sair fora do seu corpo e do seu ego e integrar-se na força cósmica da sua alma-livre. o xamã de hoje já não “voa”.”
Geralmente considera-se que na realidade xamânica há o Mundo Superior, o Mundo Médio ( confinamento do ser humano) e o Mundo Subterrâneo:
” O Xamanismo nasce no Paleolítico, no seio dos povos caçadores. Ele surgiu como uma preocupação mágico-religiosa da comunicação em transe com o Espírito-Mestre dos animais caçados, com vista à renovação sazonal das espécies. Quando emergiram as culturas Neolíticas essa preocupação virou-se muito provavelmente para os Mundos dos Mortos e seus Ancestrais Míticos. Terá sido, então, que nasceu pela primeira vez a necessidade de compreender o significado da identidade ontológica entre os Espíritos Animais e os Espíritos Humanos.”
Sobre as batidas do tambor:
” Tem-se defendido que a percussão de 130 a 140 batidas por minuto num tambor, numa cadência regular e isométrica, pode induzir efeitos de relaxamento extraordinário nos seres humanos e provocar ondas teta no cérebro, responsáveis pelos estados profundos de transe. a eficácia do tambor no contexto de transe é essencial, mas não funciona de forma isolada. O tambor não pode ser dissociado da dança ou do movimento ritual, do canto e da hiperventilação que ela provoca. Atribuir ao tambor uma eficácia toda-poderosa no transe é cair no mero placebo ritual, a menos que no futuro se encontro fundamentos neurológicos credíveis para a explicação do facto. na verdade, como em todos os fenômenos místicos, o factor crença parece ser também uma poderosa força subconsciente responsável pelo transe.”
do livro ” Quando o Xamã Voava” de Gilberto Lascariz, da Editora Zéfiro.

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