Grande parte da população tem o costume de consumir café diariamente. Mas até que ponto a cafeína pode ser benéfica ao nosso organismo?
É no café que a substância é encontrada em maior quantidade, em média 100 mg por xícara. Há, porém outros produtos que possuem cafeína em sua composição como chás, refrigerantes, chocolate, medicamentos e bebidas energéticas.
Fonte: Ballone GJ, Moura EC - Cafeína - in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://www.psiqweb.med.br/.
Não existem estudos conclusivos em relação à cafeína, especialmente pelo fato de os efeitos serem variáveis dependendo da genética, fisiologia e tolerância de cada um. A meia-vida da cafeína no organismo, ou seja, o tempo que a substância leva para ser processada, atingir seu pico máximo de concentração e começar a decair, é de cerca de cinco a seis horas. O organismo de mulheres em período de ovulação e as que utilizam métodos contraceptivos orais leva em geral o dobro do tempo. Já com os fumantes freqüentes ocorre o contrário, caindo pela metade o tempo de processamento, o que explica porque essas pessoas em geral consomem mais café. Com o consumo regular se cria uma tolerância, já que o organismo passa a produzir mais receptores para tentar se defender do “ataque” da cafeína, efeito semelhante ao de outras drogas. Ao retirarmos ou reduzirmos drasticamente a quantidade de cafeína consumida podem surgir alguns efeitos colaterais como fadiga, letargia, irritabilidade, náuseas ou espasmos musculares, que desaparecem em cerca de 10 dias. A tolerância também costuma desaparecer nesse mesmo período.
Segundo o costume popular, tomar café ajuda a manter o estado de alerta. Stephen R. Braun, em seu livro “Buzz: The Science and Lore of Alcohol and Caffeine (1997), explica como se dá essa ação. Ao trabalhar nosso cérebro produz adenosina e a concentração desse produto é monitorada pelo nosso sistema nervoso. Quando chega a uma determinada concentração, o organismo recebe o aviso de que está na hora de descansar. A adenosina então age como redutor da pressão sanguínea, da freqüência cardíaca e da temperatura corporal gerando a sensação de sono. A cafeína imita a adenosina e, quando consumida em grande quantidade, se liga aos seus receptores, ocupando-os sem ativá-los. Esse bloqueio dos receptores é como um freio na ação da adenosina, que permite que estimulantes cerebrais, também produzidos no nosso corpo, trabalhem mais livremente. Concluímos, portanto, que a cafeína ajuda a retardar os efeitos do cansaço e não tem função de fornecer energia ao organismo ou melhorar a concentração. O efeito pode ser potencializado por um cochilo de 15 a 20 minutos após o consumo.
Além da função citada, há estudos que indicam vários benefícios em relação ao consumo da cafeína. A substância tem reconhecida ação antioxidante, auxiliando no retardo do envelhecimento. Age como broncodilatador, podendo ser utilizado como paliativo em crises de asma e sendo seu consumo recomendado aos portadores da doença. Em grande quantidade gera um aumento moderado na produção de urina e diminui a reabsorção do sódio, causando um efeito diurético que pode ser útil no alivio de cólicas menstruais. Possui ainda ação analgésica, especialmente em dores de cabeça, reduzindo a dilatação dos vasos sanguíneos do crânio, estando presente na composição de analgésicos e antigripais comerciais associada a outras substancias. Feldman (1994 – citado porBallone GJ) recomenda que portadores de cefaléia crônica deixem de tomar café por um período, visando “limpar o organismo” para que possam se beneficiar da ação proporcionada pela ingestão de duas xícaras de café bem forte durante as crises.
Para tirarmos proveito de nosso cafezinho de cada dia alguns cuidados são importantes. A quantidade considerada benéfica é de no máximo 4,6 mg por kg de peso, o que dá uma média de 3 a 4 xícaras de café por dia para um adulto de 70kg. O consumo por gestantes não deve ultrapassar 200 mg de cafeína por dia já que quantidades maiores pode aumentar o risco de abortamento. Lembrando sempre de contabilizar a quantidade de cafeína presente em outros alimentos. Dê preferência ao café coado, pois substâncias como o cafestol e o kahweol, sabidamente relacionados a riscos cardiovasculares, ficam presos no coador. Deve-se prestar atenção ainda a quantidade de açúcar ou outros adoçantes, especialmente os artificiais.
Pessoas que não tem o hábito de consumir a bebida e querem aproveitar os benefícios devem introduzi-la em sua alimentação gradativamente, evitando efeitos colaterais. Bem como os que fazem uso excessivo devem diminuir as quantidades aos poucos. O segredo, mais uma vez, está no equilíbrio.
Aline Godinho
aluna do curso de Formação em Terapias Complementares e Holísticas
Fontes:
BALLONE, GJ e MOURA, EC – Cafeína – in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://www.psiqweb.med.br, revisto em 2008, acessado em 30/07/2012.
TEIXEIRA, Ricardo – Afinal, café faz bem a saúde?, Internet, disponível em http://www.icbneuro.com.br/, acessado em 30/07/2012.
VAL, Marina – Como romper seu hábito de consumir cafeína diariamente e usar café estrategicamente, Internet, disponível em http://www.gizmodo.com.br/, acessado em 30/07/2012.
VENTURA, Felipe – O que a cafeína realmente faz com seu cérebro, Internet, disponível emhttp://www.gizmodo.com.br/, acessado em 30/07/2012.
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